https://www.youtube.com/watch?v=Rm41SWnAekc
"Acho
que o amor não tem muita explicação, a não ser a seguinte: a gente
precisa estar preparado para a chegada dele. Porque é difícil, é muito
difícil amar. E dói. Não pense que ao encontrar o amor da sua vida os
dias se transformarão em delícias
sem fim. Dói. O amor de verdade dói. Ele arranha. Você fica com medo
que um dia o sentimento te abandone. Isso causa dor. Dói. Eu insisto:
dói. Não é um mar de rosas, depois que passa a fase inicial e você
conhece os defeitos de trás para a frente, dói. É uma dor doce. Mas você
não precisa da outra pessoa. Você gosta de como ela te abraça, te
entende, te ouve, te beija, te olha. Você acha bonita a forma como ela
mexe a colher dentro da panela, amarra o sapato, segura o guarda- chuva,
tosse, liga a televisão. Só aquele tom de voz te tranquiliza, só aquele
abraço te salva do caos de uma semana infernal. Você tem consciência
que existem outras coxas, peitos, braços, pernas, olhares e cérebros no
mundo. Você sabe que existem outras pessoas bonitas, atraentes e
cheirosas no planeta. Mas só aquela te deixa com tesão. Tesão por tudo.
Pela vida. Pela crença no amor de verdade. Pela vontade de juntar as
escovas de dentes e as meias na gaveta. Pela magia que o amor traz. Pela
rotina que o amor traz. Pela chatice que o amor traz. Porque o amor
também é chato, um legítimo velho resmungão. O amor também é cheio de
tédio. Mas se você sente que só aquela pessoa vale e merece essa dor que
acompanha o amor, então é porque você ama com tudo o que você pode. E,
aí sim, é que você está completamente livre. Livre para ser quem quiser.
Para fazer o que tiver vontade. Para exercitar a sua solidão. A dois.
Somando. Fazendo crescer."