Verinha_S2

 
registro: 22/11/2010
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A história que vos vou contar, passa-se toda ela num hospital, num grande hospital. Havia um doente que estava acamado, não se podia mover, não se levantava, passava os dias apenas na sua cama. Havia uma janela no seu quarto, que ficava muito distante da sua cama, isso fazia com que ele não conseguisse visualizar o que se passava lá fora, o que o deixava muito triste. Este paciente levava uma vida muito triste e solitária naquele hospital, desejava sair de lá o mais rápido possível, pois ele já se encontrava cansado e farto de lá estar. Este doente amaldiçoava a vida que tinha, de ser doente, de não poder caminhar, de nem mesmo, poder saber o que se passava para além daquela janela. Depois de alguns dias, o doente acamado ganhou uma nova companhia, era um senhor cujo nome era José. José era um homem muito calmo, muito sereno, estava sempre a sorrir, gostava muito de conversar com o homem acamado. Um dia, o homem acamado virou-se para o José e disse: - José pode fazer-me um favor? - Claro que sim, diga. - Sempre desejei saber o que se passava para além dessa janela, vá até lá e diga-me o que vê. - Claro que sim José levantou-se e caminhou em direcção à janela. O Homem acamado já estava impaciente para saber o que o José via. - Diz-me José, o que vê? O que vê? - Que vista maravilhosa: eu digo-lhe o que eu vejo. Existe um belo jardim, espécie de parque, flores lindas maravilhosas tão belas existem também muitas crianças a brincarem olha uma caiu, mas não se preocupe que a mãe já o foi levantar, que lindo. Vejo também pessoas a jogarem à bola, casais de namorados deitados na relva que lindo, nunca tinha visto nada assim tão bonito. Não se preocupe que um dia desses nós os dois estaremos nesse lindo jardim. - Um dia José será que esse dia virá? - Virá pois, não se preocupe. - Sinto-me feliz, sempre desejei saber o que se passava para lá da janela, obrigada José. José caminhou para a sua cama e sentou-se, continuou a contar outros pormenores do que havia visto, O doente acamado sentia-se tão feliz, que os seus olhos brilhavam de tanta alegria. No dia seguinte à mesma hora o doente acamado pediu a José que fizesse a mesma coisa, que fosse para a janela e que lhe relatasse tudo o que via. Então José assim fez, levantou-se e relatou tudo o que se passava. Falou das flores, das crianças que brincavam, das que riam, das que choravam,
das que faziam birras e pirraças, falou dos casais que lá estavam, falou do céu azul e ensolarado, da brisa fresca voltou a relatar tudo de novo. O doente acamado estava numa euforia que só visto. Aquele processo foi-se repetindo sempre que possível. José levantava-se e relatava tudo o que via. Os dias foram passando, meses passaram, o doente acamado já estava tão habituado aquele processo, que um dia quando José demorou a relatar o que se passava, o doente acamado ficou realmente preocupado. Assim que uma enfermeira passou este procurou logo saber do paciente da cama ao lado. - Onde está o paciente da cama ao lado? - Então você não sabe? O paciente dessa cama morreu esta noite. O doente acamado nem queria acreditar no que ouvia, como é que era possível? Quem iria relatar que se passava para além da janela? Quem iria conversar com ele? Ninguém, ele sabia disso. O tempo foi passando, passaram-se dias, semanas, meses, o doente acamado não aguentou mais, queria saber o que se passava, tinha saudades de José, pois este relatava tudo o que acontecia para lá da janela. Já que José não estava, este decidiu levantar e ir até ‘ janela. Com muito esforço ele colocou um pé no chão, a seguir o outro, sentou-se na cama, contorcendo-se de dor levantou e foi caminhando pouco a pouco em direcção à janela. Caminhava um pouco e parava para descansar, caminhava um pouco e parava para descansar. Finalmente chegou janela, o doente acamado nem queria acreditar no que via. Não havia nada p’ra além da janela, existia apenas um muro que tapava toda a paisagem. O doente acamado voltou rara a sua cama triste e desapontado. Mais tarde o doente acamado veio a descobrir, que José era cego, nada via. A cegueira de José não o impediu de sonhar ou de fazer a vida de outros feliz. 

Podemos tirar como moral da história, que apesar dos nossos problemas, nada nos impede de sonhar e, acima de tudo, nada nos impede de fazer outros felizes, basta querer, ter vontade e ter amor pelo próximo.

https://www.youtube.com/watch?v=QOw7EuiFz0k

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