PAPAGAIOMUDO

 
registro: 12/11/2008
O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver. (Sigmund Freud )
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7 anos 269 dias h

Sobre o estudo das emoções

Como nos ensinou o V.M.S., o centro emocional é como um elefante louco, difícil de amansar. Um homem racional, como eu, talvez não o considere assim, mas tal idéia se deve somente a falta de contato consciente com as próprias emoções.
As pessoas muito racionais, polarizadas no intelecto, tendem a acreditar que não possuem muitas emoções/sentimentos ou que sua parte emocional não seja muito ativa. Ledo engano! Na verdade suas emoções se processam inconscientemente, às vezes de forma muito intensa. No nível consciente, elas realmente podem ser muito frias, calculistas e, aparentemente, equilibradas. Mas, fora do campo de alcance da consciência, elas podem ser altamente emotivas e até infantilizadas.
Emoções que se processam sem serem percebidas conscientemente tendem a causar grande estrago, uma vez que não são vistas e seus efeitos somente se fazem sentir quando em fase avançada. São como doenças que se processam na penumbra.
Um erro que pode ser cometido na morte do ego por algumas pessoas é fingir para si mesmo que não se tem emoções, que se é altamente equilibrado, sereno, e muito pouco sentimental. Isso acusa pouco contato consciente com as próprias emoções, isto é, negligência em observar o centro emocional.
Sabemos que temos cinco centros, entre os quais o centro emocional (o "elefante louco"). A observação deste centro não pode nunca ser negligenciada.
O estresse e a correria do dia a dia, os múltiplos compromissos, os traumas da existência, as dificuldades de relacionamento, os reveses amorosos, as dores da alma, as traições etc. atingem e desgastam diretamente este centro.
É importantíssimo conhecer o jogo de ações e reações do centro emocional, o que pode ser conseguido pela observação direta deste centro em ação a todo momento. Em casos extremos, em que os problemas emocionais se acumulam, ao invés de serem resolvidos, e se transformam em enfermidades, atingindo até o nível físico sob a forma de somatizações, se faz necessária a psico-análise ou psicoterapia, para restabelecimento do equilíbrio. A psicoterapia é o estudo dos egos sob a supervisão de um profissional. Nem sempre é bom e nem recomendável revelar nossas mazelas interiores para alguém, mas nos casos graves isso se faz necessário. Todavia, devemos lembrar que o trabalho interno é algo intimo e que as revelações de cunho esotérico não podem ser divulgadas a ninguém, nem mesmo ao terapeuta. Mas um profissional pode nos ajudar a ter um melhor contato com as próprias emoções e a analisar o nosso Eu sob parâmetros e critérios distintos daqueles nos quais estamos viciados.
Um dos grandes obstáculos ao autoconhecimento é o condicionamento do entendimento dentro de certos parâmetros, critérios e paradigmas. Novas perspectivas de análise podem nos dar novas descobertas. O que importa é descobrir o novo dentro de nós mesmos, descobrir aquilo que não sabíamos antes sobre os nossos egos (no caso, sobre nossas emoções).
Quando estamos em uma situação emocional realmente difícil, sofrendo horrivelmente, e não conseguimos penetrar em nossos sentimentos nem a golpes de martelo, a análise dos sonhos pode ajudar muito. Diz o V.M.R. que nos sonhos as Hierarquias e as partes superiores do Ser nos revelam o estado em que nos encontramos. Podemos, através dos sonhos, descobrir sentimentos/emoções que estão se processando sub/inconscientemente. A forma em que uma pessoa aparece em meus sonhos revela o que sinto por ela. Explorar os sonhos ajuda a explorar as emoções. Por isso o sonho lúcido/viagem astral é tão importante.
Entendo que as análises desses conteúdos se justificam somente nos casos piores. Nas demais situações, a simples observação receptiva dá conta do problema, sem necessidade de ficarmos quebrando a cabeça, raciocinando e nem pensando. A observação é direta e rápida, enquanto a análise é algo lento. Para mim, a análise do Eu deve ser empregada somente em casos graves, de difícil penetração e que requerem certa urgência. É algo complementar às praticas de auto-observacao, morte em marcha, concentração, meditação e desdobramento astral. E a análise com o auxilio de um terapeuta apenas se justifica quando a pessoa não é capaz de efetuá-la sozinha.
Penetrar o centro emocional com a observação me parece mais difícil do que penetrar os demais centros. A emoção é algo sutil, que escapa. Identificar pensamentos, movimentos, processos corporais instintivos e impulsos sexuais é algo relativamente fácil, em comparação à tarefa de identificar as emoções.
A todo momento as emoções estão se processando, o centro emocional está reagindo às situações e eventos, mas experimentemos tentar identificar as várias emoções que estão se processndo para vermos se é algo tão fácil como parece... O materialismo racionalista atrofiou nossas percepções sutis e fez com que o mundo das emoções nos parecesse algo vago.
Observar as emoções e como observar o vácuo ou como tentar enxergar o vapor com os olhos físicos. O sentido da auto-observação está atrofiado e o resultado é nossa imensa dificuldade em ver as emoções tal como são.
Quem enxerga as emoções com objetividade não necessita rotulá-las. Simplesmente as vê com os sentidos internos com tanta objetividade quanto enxergaria uma pedra com os olhos físicos e não necessita identificá-las por nomes, visto que apenas uma parte ínfima das emoções existentes foram nomeadas pelos seres humanos.
Reprimir as emoções, fazendo de conta que não se as possui (como fizemos nós, os estudantes gnosticos por muito tempo) é o pior dos negócios. Elas continuarão existindo e dinamitarão a pessoa interiormente. O melhor é não se auto-enganar, observá-las em ação, enxergando-as em detalhes. Como ensinou o V.M.R., nos detalhes está a chave. Temos que observar os detalhes das emoções.
Durante as relações sociais, as emoções afloram espontaneamente e podem ser perfeitamente observadas. À medida que vão sendo observadas em seus detalhes, pouco a pouco e ao longo do tempo, vão sendo compreendidas com profundidade crescente. E à medida que vão sendo compreendidas, podem ser eliminadas pela Mãe Divina, sem necessidade alguma de recalques ou mecanismos repressivos. Dissolver é muito melhor do que reprimir. Somente a Mãe Divina pode dissolver (eliminar, decapitar, matar) uma emoção negativa. Aqueles que não apelam à Mãe Divina e não realizam a auto-observação, terminam não tendo outra alternativa além da nefasta repressão, com todas as suas desastrosas conseqüências. Observem o eletroencefalograma de um sujeito reprimido e comprovem o que estou dizendo.
Gostaria também de atentar para outro erro muito comum: acreditar que o controle das emoções inferiores é sinônimo de morte do ego. Na verdade, o controle das emoções está condenado ao fracasso, é simplesmente algo impossível. Não podemos controlar as emoções, podemos, no máximo, reprimi-las e elas, então, irão explodir de uma ou outra forma, por outros canais. Podemos, também, observar, contemplá-las e pedir pela morte do defeito correspondente (isso sim é recomendável). A Mãe Divina tem todo o poder de matar o defeito e acabar com as emoções correspondentes. Ao invés de perdermos tempo nesciamente tentando controlar as emoções, é muito mais sensato observar o centro emocional e orar.
É claro que neste texto estou me referindo às emoções negativas do Ego. Não estou me referindo de modo algum às emoções superiores do Ser. Estamos falando dos centros inferiores da máquina, do centro emocional inferior.
O centro emocional inferior possui emoções negativas e positivas. Como existem "eus" bons e maus, resulta que ambas as modalidades de emoções necessitam ser observadas, compreendidas em seus detalhes, e dissolvidas para que a essência comece a manejar este centro.
Lembremos que o Ego é nossa própria pessoa, esta pessoa que tanto amamos e que nos é tão cara, e que observar as emoções é observar tudo o que nossa pessoa sente: "Que estou sentindo, diante disto que está me acontecendo agora?"
Busquemos os sentimentos pequenos, sutis. Neles está a chave para a compreensão do todo maior da emoção.
As emoções podem ser comparadas aos sabores dos alimentos. Cada emoção possui seu sabor, indefinível porém exato. Ninguém poderia descrever o sabor da água, no entanto a água possui seu sabor. O mesmo se passa com as emoções: seus sabores não são claramente definíveis, mas são exatos para a consciência. Identificar uma emoção é dar-se conta de seu sabor e não identificar seu nome. Quais são os sabores da ira, do medo, da inveja, da tristeza? Toda emoção possui seu sabor e também impelem para a realização de algo, para a satisfação do desejo correspondente. O medo origina o desejo de fugir, de evadir-se. A ira origina o desejo de destruir, trucidar, vingar-se. A cobiça origina o desejo de obter algo. Cada emoção, com seu sabor característico, sucita um impulso que clama por satisfação. Enquanto o impulso não é satisfeito, sente-se no coração uma sensação de falta, um vazio. Qual é o sabor do vazio que impele para satisfação da luxúria? E qual é o sabor da luxúria em si mesma? Tudo isso é sentido profundamente no centro emocional. A percepção do sabor das emoções é parte imprescindível do processo de conscientização. E a conscientização é parte do processo de dissolução. Temos que dissolver as emoções, assimilando-as ao invés de reprimi-las. Portanto, observemos o sabor das emoções e para que elas nos impelem.
Obrigado pela atenção e que Deus os guie sempre nesta jornada do autoconhecimento.

Fonte:

http://essenciagnostica.blogspot.com/2010/05/sobre-o-estudo-das-emocoes.html