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registro: 12/11/2008
O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver. (Sigmund Freud )
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A mentira necessária:

A mentira necessária: um ensaio sobre a promessa de amor eterno na sociedade contemporânea

 

O Ser humano engana a si mesmo constante e necessariamente. Adianta o despertador para não perder a hora. Só leva realmente a sério argumentos que sustentem suas próprias crenças34. Evita perceber que os relacionamentos amorosos são fadados a terminar e que, especialmente na sociedade contemporânea, tal fim é extremamente próximo e potencial. Essa esquiva é possibilitada pela crença nas juras de amor eterno do parceiro. É, além disso, alimentada por um desejo de amor eterno que permite que também se profira o discurso de amor eterno. Em outras palavras, é para evitar a tristeza do olhar insípido sobre o mundo e seus frágeis relacionamentos amorosos que o homem se engana, mentindo para si próprio ao crer desejar, receber e oferecer amor eterno.

 

Essa mentira, entretanto, não é intencional. Para que o auto-engano funcione devidamente, é necessário que o indivíduo efetivamente acredite na mentira.

 

Ao dizer que ama eternamente, que deseja amar para toda a vida, ou mesmo ao ouvir que será amado para sempre, o ser humano, obedecendo à sua inclinação de preservação da potência de agir, faz funcionar o mecanismo do autoengano, e passa a realmente crer no que fala, deseja e ouve.

 

O discurso de amor eterno, portanto, tem lugar na sociedade contemporânea como mecanismo de auto-engano cuja finalidade é um bem: a preservação da felicidade, evitando o desgosto de uma perspectiva em que o amor presente está fadado a um fim próximo. Ou seja, dele resulta um ideal de manutenção do desejo, funcionando como um elemento que protege, inclusive, a própria dinâmica da sociedade de consumo, na medida em que é combustível dos inúmeros amores ofertados – e conseqüentemente vividos – na modernidade líquida.

 

Amar eternamente, prática indesejada, é um ideal necessário. Como mentira, o amor eterno mantém-se evitando a tristeza dos homens quando em face da inevitável – e desejada – morte de seus relacionamentos amorosos. Sobrevive, portanto, como discurso, e por isso convive com práticas que explicitamente o rejeitam.

 

 

Para ler o trabalho completo o link segue abaixo ... é demais . Boa Leitura

A mentira necessária: um ensaio sobre a promessa de amor eterno na sociedade contemporânea - Pedro Calabrez Furtado - http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_10/contemporanea_n10_pedro_calabrez.pdf