Não adianta negar. A maioria de nós, mulheres, já chorou pitangas (e todas as outras frutas) por causa de um cafajeste. Perdi as contas de quantas noites eu passei em claro, seja soluçando de tanto chorar ou afogando as minhas mágoas .
E hoje, desde que abandonei os relacionamentos que transformavam a minha vida em verdadeiros dramalhões mexicanos, percebi que aqueles caras não me ensinaram somente a chorar sem borrar o rímel; ou a tirar fotos super produzida para mostrar que estava feliz, enquanto forçava um sorriso que se transformava em choro com o toque de uma pena.
Os cafajestes te ensinam que, por mais que você seja a melhor namorada, a mais compreensiva, companheira, atenciosa, carinhosa e a que topa tudo na cama, se o cara é do tipo que trai, você nunca será suficiente. Não porque você não é boa, talvez você seja boa até demais. Mas, porque ele mesmo não se basta.
Uns não querem assumir um relacionamento sério, mas esquecem de te contar esse pequeno detalhe. E você só descobre quando essa é a desculpa que ele usa para justificar o desrespeito. Outros, sofrem da Síndrome do Preciso Provar: provar mulheres diferentes, provar pros amigos que eles continuam sendo garanhões e provar para eles mesmos que podem ter a mulher que quiserem. E tem aquele que trai só porque sim. Porque se acha no direito de fazer o que bem entender.
Aprendi que a maioria dos homens que me traíram tinham inseguranças maiores do que as minhas. E, apesar de eu ter saído dos relacionamentos me sentindo um lixo, aprendi, também, que ao forçar a barra e tentar acreditar em quem só me machucava não me posicionava em uma categoria muito diferente das mulheres que se automutilam. Eu sangrava, sarava e dava a minha cara – e a alma – ao tapa. Uma espécie de masoquismo disfarçado de “eu era cega”. Mas eu não era.
O cafajeste não te obriga a estar com ele. É você que insiste, que não entrega os pontos, não dá o braço a torcer e acha que desistindo da relação estará deixando para trás aquele que poderia ser o homem da sua vida. É você que sozinha põe a mão no fogo uma, duas, três vezes como se tentasse se acostumar com a dor.
O cafajeste nem sempre está fingindo te amar. Alguns amam sem nem saber que aquilo é amor. E se desesperam quando você resolve jogar a toalha. Porque eles também odeiam perder. E sofrem.
É nessa hora que a gente se divide entre o “quero que ele vá pro inferno” e o “mas ele parece mesmo arrependido, talvez eu devesse acreditar”. E você não sabe se deita na cama em posição fetal, fecha os olhos bem forte e espera alguém vir cortar o cordão umbilical com o qual você alimentava um relacionamento que só existia porque você o nutria.
Os homens cafajestes nem sempre têm a intenção de te magoar – ainda que tenham despedaçado o seu coração com a habilidade de um açougueiro. Os cafajestes também se arrependem. Alguns se esquecem que se arrependeram com a mesma velocidade com a qual cometem os erros. E seguem errando… Porque não importa quantas mulheres incríveis ele há de conhecer. Ele vai continuar sendo cafajeste, até se cansar da vida bandida e decidir que é hora de mudar. Ou não.
E você aprende que esquecer um cafajeste dói em dobro. Pois você precisa esquecer não só o cara que te magoou, mas também aquele que vivia nos seus sonhos, o namorado perfeito, o cara que nunca existiu. Mas você o esquece, dá a volta por cima e, o mais importante: passa a reconhecer de longe quando um outro cafajeste se aproxima. E pode escolher entre estar sozinha ou viver novamente um amor bandido.
Um dia você decide que é chegada a hora de parar de brincar com fogo. Que você merece mais. Você aprende a reconstruir a sua auto-estima quando entende que os erros dele não foram causados por falhas suas e que estar sozinha ou ter alguém que te respeite vale muito mais do que insistir em um relacionamento fadado ao fracasso.