Fenómeno Selfie.
O uso corrente da selfie pode revelar traços narcisistas, por um lado, e aumentar a autoestima, por outro. Mas há mais a dizer sobre a palavra que veio revolucionar as redes sociais e as nossas vidas.
É um jeito moderno de falar de auto-retrato. Para completar agora temos os smartphones que nos ajudam com isto.
Selfie sim, mas porquê?
Uma das perguntas a fazer é precisamente o que leva alguém a tirar e publicar uma fotografia de si próprio, “Tirar selfies quase todas as pessoas o fazem, umas mais do que outras. É uma questão mais antiga do que se julga e tem que ver com a forma como queremos que nos vejam"
Duas situações associadas a esta cultura, uma positiva outra negativa:
“As selfies acabam por promover a autoestima e promoção da pessoa e da sua imagem"
“Há a possibilidade de haver uma diminuição de autoestima a quem acede a estas selfies. Isto porque não se publica a primeira imagem que se tira, antes a melhor de um conjunto. E depois vem a parte da edição. É uma imagem melhorada de nós mesmos. A maior parte das pessoas [sobretudo os adolescentes] acaba por se sentir desvalorizada perante as selfies dos outros.”
A ideia de controlar uma imagem está diretamente relacionada com a aceitação social. E segundo vários estudos, as pessoas tendem a revelar uma subida de autoestima em função do retorno, isto é, do feedback nas redes sociais — seja na forma de gostos ou de comentários. Mas há uma ressalva: “Para algumas pessoas essa dependência [pode ser] excessiva e só tende a ser prejudicial. Se a minha autoestima estiver dependente desse retorno, vou sentir-me frustrada se passado meia hora não tiver tido likes.”
Um conceito em permanente evolução
Selfie é, de facto, um termo continuamente repetido mas também em constante mutação. Prova disso podem ser os autorretratos tirados aquando do divórcio de um casal. A isso acrescentam-se as selfies tiradas em funerais. É engraçada ver as fotos das pessoas fazendo caretas, fingindo que estão dormindo, que foram pegos de surpresa, enfim…não faltam criatividade nas selfies.
Selfie: entre a vida e a morte
Um levantamento feito pelo site de tecnologia Mashable mostra que o número de mortes causadas por selfies em 2015 supera o de causadas por ataques de tubarões.
Mas há mais histórias que fazem um retrato, embora minoritário, de consequências extremas. Um caso infeliz é o de Otero Aguilar que, sendo um grande admirador dos autorretratos em questão, um dia foi longe demais e apontou uma arma à cabeça para a fotografia — disparou a arma antes da câmara.
Uma coisa é certa: ainda antes de a palavra dominar as redes sociais já muitos de nós tínhamos o hábito de virar a câmara ao contrário e tirar retratos de nós próprios, sozinhos ou acompanhados. A chegada de uma definição veio, então, apenas dar mais força a um gesto que em tempos passaria despercebido e que agora faz indiscutivelmente parte do nosso dia-a-dia. Caso para perguntar: e você, já tirou uma selfie hoje?